Qual o segredo?


14/03/2019

Blog BMagic, bmagic

Estima-se que a arte mágica tenha sido descoberta muito antes de Cristo e desde então, tem feito muitas pessoas se encantarem com seus efeitos extraordinários. Mas, por que será que as pessoas se espantam tanto frente a um evento mágico?

Mágica, efeitos, surpresas, encantamento. Palavras e sentimentos ligados à arte mágica que nos fazem perguntar, como pode ser? Como esse mágico fez isso? A mágica quebra as certezas, por isso nos surpreende.

Mas, qual a primeira coisa que nos passa pela cabeça, frente a um efeito de mágica? A pergunta: qual o segredo?

O segredo. Eric Cartiot nos disse certa vez que, ao chegar diretamente ao segredo, perdemos justamente o mais importante: o processo. O verdadeiro segredo dos mágicos é exatamente o processo: a pesquisa, a descoberta, a montagem do efeito, a melhor rotina, a imaginação, o trabalho. 

O segredo de um efeito por ele mesmo, é muito fácil revelar. O que parece diferenciar um mágico, é exatamente o quanto ele encanta seu público, a ponto que esquecerem de perguntar qual o segredo.

Esse processo demanda muito estudo, imaginação e, claro, amor pela mágica. Por trás da persona, existe muito trabalho e leituras, testes, erros e acertos, até chegar ao público e encantar.

Conhecer um segredo, não torna ninguém mágico, assim como ler todo o CID 10, não torna ninguém médico. Existem muito mais coisas em uma apresentação de mágica, além do segredo.

Aprender, parece ser sempre uma questão de invenção, de transformação e a arte mágica permite reconstruir as ideias, imprimindo seu estilo, agregando-as ao que já havia construído. Assim, de maneira lúdica, transformando-as em algo que reconhece como próprio e que faz diferença em seu cotidiano.          

Guilherme Ávila (2012), discute a questão do aprendizado na arte mágica, trabalhando processos que estimulam a imaginação e criação e novos efeitos mágicos. Nesse contexto, o autor questiona se a mágica é arte ou ciência e traz a palavra craft do inglês para tentar responder ao próprio questionamento. “Descrever algo como craft equivale a percebê-lo em seu estado intermediário de arte (que exige talento) e de ciência (que requer conhecimento)”. Ávila (2012, p. 9). 

A mágica pode figurar como ferramenta de aprendizado, bem como o desafio de repensar os sentidos dessa arte no cotidiano das pessoas, trazendo muitas possibilidades. 

Esse é o verdadeiro segredo.

*Keli Lautert é Psicóloga. Mestre em Culturas, Linguagens e Tecnologias na Educação. Palestrante no projeto: BMagic, mágica como ferramenta na educação.

Contato: keli@bmagic.com.br