Mágica como ferramenta organizacional


12/09/2018

A arte mágica, certamente não faz parte do cotidiano das empresas ou instituições de ensino. Será?

O Jornal Valor Econômico, em recente matéria, traz esse assunto da criatividade e necessidade de saída da zona de conforto nas instituições, importante para cada gestor no cotidiano com seu time, utilizando a mágica como ferramenta de trabalho em grupo.

A matéria traz o exemplo da Abracademy, empresa de educação executiva que ensina a arte mágica, oferecendo valiosas lições sobre gestão e formação de equipes. A Abracademy é uma startup fundada em 2015, por mágicos profissionais e pessoas com formação na área de educação. Criada em Londres, atualmente atende empresas como o Twitter e HSBC.

Usando o conceito de "maravilhar-se", ajuda gerentes a entender o pensamento criativo e a melhorar habilidades de apresentação, encorajando os colaboradores que estão passando por mudanças rápidas, a trabalhar de forma positivas os processos.

No Brasil, seguindo esse conceito, a BMagic, empresa de Canoas/RS, também criada em 2015, trabalha com a mágica como ferramenta na educação. A exemplo da startup inglesa, conta com um time de profissionais mágicos e da área de educação, se utilizando de temas importantes tanto no universo corporativo quanto da educação, acreditando que o encantador e o encantado se transformam através da mágica.

A Bmagic trabalha com palestras no ambiente escolar com temas como: bulliyng, formação de professores, adolescência, e outros temas essenciais no cotidiano escolar. A mágica figura como fermenta importante, que traz a esses temas a possibilidade de atravessar questões densas, de forma positiva.

Nas instituições, a mágica é uma boa ferramenta para a educação executiva, pois aprender a fazer um efeito requer muitas das habilidades que as pessoas precisam para ter sucesso no trabalho, como confiar no processo para alcançar um objetivo final e boas habilidades de comunicação.

Nesse contexto, Silvio Nunes, Engenheiro de Produção e Especialista em Gestão de Empresas, atua como palestrante há mais de 6 anos aplicando a mágica como uma importante ferramenta na fixação de conteúdos para o meio corporativo. Observa-se que alguns conceitos apresentam certa dificuldade de compreensão e sendo melhor assimilados quando exemplificados por um efeito mágico. Utilizar a mágica durante sua apresentação não é desviar-se do tema principal, mas sim dar substância a ele, torná-lo tangível.

São notáveis os benefícios do emprego da arte mágica na educação, pois a apresentação torna-se leve e prazerosa, uma das características que a aplicação do lúdico nos traz, nos conta Sílvio.

Assistir a um efeito mágico libera dopamina, elemento químico que regula como as pessoas percebem o prazer, o que os encoraja a prestar atenção, diz Rubens Filho, na matéria do jornal. "De repente o grupo fica em alerta, e isso faz as pessoas aprenderem mais."

Profissionais do meio acadêmico ou corporativo, ou mesmo aqueles que buscam afirmação no mercado, tendem a se destacar quando usam a arte mágica como suporte de trabalho. Qual empresa não desejaria ter colaboradores com espírito criativo e inovador? É aqui que a mágica também exerce sua contribuição.

Houve um tempo onde “estar preparado” era sinônimo de boa formação acadêmica e domínio de uma língua estrangeira. Hoje, além disso, o mercado busca por pessoas “surpreendentes”. Esse é um diferencial que o colocará em evidência, mas logo vem a pergunta: “Como ser surpreendente? ”

De certa forma Steve Jobs respondeu a essa pergunta, com seu famoso discurso, durante uma formatura na Universidade de Stanford em 2005.

Trata-se de “Ligar os Pontos”. Segundo ele, você não consegue “ligar os pontos” olhando para frente, mas somente quando você olha para trás. Ele exemplifica isso quando relata sua experiência pessoal no curso de caligrafia, pela paixão por eletrônica na adolescência e o trabalho com mecânica na garagem com seu pai. Quando fez tudo isso, não havia qualquer pretensão de que essas coisas viessem a fazer algum sentido em sua vida futura. Ainda assim todas foram experiências que se mostraram úteis na construção de sua história.

Não por acaso a experiência despretensiosa com caligrafia culminou na sua ideia de introduzir as inúmeras fontes no primeiro computador Macintosh.

Portanto, tenha diferentes hobbies, descubra-se, permita-se a ter experimentações, tenha uma vida intensa de descobertas, exponha-se. Não subestime nenhuma vivência por mais que ela lhe pareça estranha ou sem propósito. Saiba que são essas experiências que lhe tornarão uma pessoa surpreendente.... Esse é o ingrediente que lhe tornará uma pessoa diferenciada.

Não tente de forma incansável procurar sentido para as coisas que faz hoje, pois você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Acredite que, de alguma forma, eles poderão se conectar no futuro.

Se um dia você sonhou em fazer mágica, mas não via propósito nisso, talvez seja o momento de rever esse conceito e se lançar nessa nova experiência e fazer parte do seleto grupo de pessoas “surpreendentes”.

Silvio Nunes
Palestrante - Especialista em Gestão de Empresas
E-mail silvionunes@silvionunes.com.br
Site: silvionunes.com.br